De uma forma verdadeiramente notável, em nenhum outro domínio ou contexto, como no desporto, encontramos tantos indivíduos (crianças, jovens e adultos) que voluntariamente se sujeitam e “subjugam” à autoridade de uma pessoa: o seu treinador. É particularmente evidente a confiança depositada pelos atletas na capacidade do treinador e nas suas técnicas motivacionais, para atingirem objectivos pessoais e/ou grupais. É importante perceber que a influência do treinador vai muito além do contexto desportivo, interferindo na vida, no desenvolvimento e no crescimento pessoal dos atletas. Assim se pode entender o que é a liderança: “é um processo comportamental para influenciar indivíduos e grupos, tendo em vista objectivos estabelecidos” (Barrow, 1977).O treinador é precisamente o “ponto sensível” entre duas unidades ou forças: entre a organização ou clube (devendo cumprir as suas exigências em termos de produtividade e rendimento) e os atletas que tem de motivar e influenciar (assegurando-se de que as suas necessidades e aspirações são atingidas e de que estão satisfeitos com o seu envolvimento na organização, clube ou equipa). 1) Funções ou papeis atribuídos e/ou desempenhados pelos treinadores desportivos: - “técnicos” (…são os que sabem...) - “professores” (…são os que ensinam...) - “juízes” (…são os que julgam e corrigem...) - “actores” (…são os que representam…) - “cientistas” (…são os que inventam…) - “relações-públicas” (…são elo de ligação…) - “amigos” (…são os que acarinham e estão presentes…) - “pais ou mães” (…são aqueles com quem podemos sempre contar…), etc. 2) Comportamento do treino O tipo de liderança do treinador evidencia-se no comportamento do treino, que varia ao longo de um “continuum”: vai desde o treino altamente centrado no atleta (direccionado para as competências pessoais do atleta) e o treino altamente centrado na tarefa (direccionado para os resultados da competição). 3) Eficácia da liderança A eficácia da liderança resulta da conjugação de três factores essenciais: 1º) os comportamentos exigidos, em que as características situacionais (e.g., objectivos da equipa, estrutura organizacional, normas e valores do grupo ou clube, etc.) exigem e impõem limitações ao líder (treinador), que o obrigam a comportar-se de determinadas formas; 2º) os comportamentos actuais e reais do líder são, por sua vez, influenciados pelas características pessoais do líder (e.g., personalidade, experiência ou capacidade) e pelas exigências da situação (e.g., comportamento que lhe é exigido, variável em função de se tratar de um treinador de uma equipa profissional ou de um treinador de um escalão de formação); 3º) os comportamentos preferidos pelos atletas dependem das características pessoais dos atletas (e.g., grau de motivação ou se se trata de atletas seniores e profissionais de jovens no início da sua formação desportiva) e das características situacionais (e.g., expectativa generalizada, no seio do clube, que o treinador se comporte de determinada maneira). Quando estes factores se equilibram no processo de liderança de equipas desportivas e se tornam adequados, congruentes e consistentes, a equipa atingirá os seus rendimentos máximos e os seus níveis de satisfação serão elevados.
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LIDERANÇA DE EQUIPAS DESPORTIVAS
De uma forma verdadeiramente notável, em nenhum outro domínio ou contexto, como no desporto, encontramos tantos indivíduos (crianças, jovens e adultos) que voluntariamente se sujeitam e “subjugam” à autoridade de uma pessoa: o seu treinador. É particularmente evidente a confiança depositada pelos atletas na capacidade do treinador e nas suas técnicas motivacionais, para atingirem objectivos pessoais e/ou grupais. É importante perceber que a influência do treinador vai muito além do contexto desportivo, interferindo na vida, no desenvolvimento e no crescimento pessoal dos atletas. Assim se pode entender o que é a liderança: “é um processo comportamental para influenciar indivíduos e grupos, tendo em vista objectivos estabelecidos” (Barrow, 1977).O treinador é precisamente o “ponto sensível” entre duas unidades ou forças: entre a organização ou clube (devendo cumprir as suas exigências em termos de produtividade e rendimento) e os atletas que tem de motivar e influenciar (assegurando-se de que as suas necessidades e aspirações são atingidas e de que estão satisfeitos com o seu envolvimento na organização, clube ou equipa).
1) Funções ou papeis atribuídos e/ou desempenhados pelos treinadores desportivos:
- “técnicos” (…são os que sabem...)
- “professores” (…são os que ensinam...)
- “juízes” (…são os que julgam e corrigem...)
- “actores” (…são os que representam…)
- “cientistas” (…são os que inventam…)
- “relações-públicas” (…são elo de ligação…)
- “amigos” (…são os que acarinham e estão presentes…)
- “pais ou mães” (…são aqueles com quem podemos sempre contar…), etc.
2) Comportamento do treino
O tipo de liderança do treinador evidencia-se no comportamento do treino, que varia ao longo de um “continuum”: vai desde o treino altamente centrado no atleta (direccionado para as competências pessoais do atleta) e o treino altamente centrado na tarefa (direccionado para os resultados da competição).
3) Eficácia da liderança
A eficácia da liderança resulta da conjugação de três factores essenciais:
1º) os comportamentos exigidos, em que as características situacionais (e.g., objectivos da equipa, estrutura organizacional, normas e valores do grupo ou clube, etc.) exigem e impõem limitações ao líder (treinador), que o obrigam a comportar-se de determinadas formas;
2º) os comportamentos actuais e reais do líder são, por sua vez, influenciados pelas características pessoais do líder (e.g., personalidade, experiência ou capacidade) e pelas exigências da situação (e.g., comportamento que lhe é exigido, variável em função de se tratar de um treinador de uma equipa profissional ou de um treinador de um escalão de formação);
3º) os comportamentos preferidos pelos atletas dependem das características pessoais dos atletas (e.g., grau de motivação ou se se trata de atletas seniores e profissionais de jovens no início da sua formação desportiva) e das características situacionais (e.g., expectativa generalizada, no seio do clube, que o treinador se comporte de determinada maneira).
Quando estes factores se equilibram no processo de liderança de equipas desportivas e se tornam adequados, congruentes e consistentes, a equipa atingirá os seus rendimentos máximos e os seus níveis de satisfação serão elevados.
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